Um paciente que passava por uma cirurgia de remoção de um tumor no cérebro surpreendeu ao passar o tempo de sua operação fazendo o que mais gosta: tocando violão. Márcio Andrade, mecânico de 41 anos, foi submetido ao procedimento no Hospital Universitário (HU) de Canoas, no Rio Grande do Sul, no último mês de novembro.
A cirurgia durou quatro horas e, embora seja considerada de alto risco, já foi realizada em outras 44 ocasiões, sem sequelas. Andrade foi anestesiado, mas os médicos o acordaram após uma pequena abertura no crânio ter sido feita.
Com uma espécie de caneta especial, os médicos dão uma pequena descarga elétrica na região do tumor com o intuito de simular uma lesão cerebral. Caso o paciente continuasse tocando violão, saberia-se que aquela área poderia ser ressecada sem problemas posteriores – e foi o que aconteceu.
Músico amador, Márcio Andrade revelou em entrevista ao ‘UOL’ que percebeu o problema após sentir formigamentos na mão direita. “Sou músico amador e, quando tocava guitarra em uma apresentação em um baile, comecei a errar as notas musicais e não consegui segurar a palheta”, disse ele, que sofreu uma convulsão no mês seguinte.
O problema foi diagnosticado e o mecânico/músico amador precisou ser submetido a uma cirurgia. “Imagina com o crânio aberto, tocando violão, não sentindo dor e ainda respondendo aos estímulos médicos”, comentou.
A situação já foi resolvida e Márcio Andrade, que passa bem, recebeu alta 3 dias após a operação. Agora, serão 2 meses em repouso, tocando bastante violão em casa.
Violão foi útil para os médicos
Gustavo Isolan, médico chefe de neurocirurgia no HU de Canoas, disse em entrevista ao ‘G1’ que a cirurgia foi feita com o paciente acordado para reduzir possíveis sequelas. “No caso de Márcio, a região afetada era a responsável pelo movimento da mão direita. Então a única maneira de garantir que não teríamos sequelas é acordando o paciente e ele fazendo as atividades que faz no dia a dia, no caso, tocando um instrumento musical”, afirmou.
Ao ‘UOL’, Isolan destacou que o avanço tecnológico dos últimos tempos permitiu essa evolução no tratamento. “Há alguns anos, tumores na região motora eram considerados inoperáveis devido ao alto risco de sequelas, como o paciente ficar sem mexer a mão ou com um lado do corpo paralisado”, disse.