Uma das perdas mais sentidas na música em 2019 foi a de Andre Matos. O vocalista do Angra, Shaman e Viper nos deixou muito cedo, aos 47 anos, deixando a sensação de que ainda poderia oferecer muito aos seus fãs. E um trabalho que ele deixou incompleto foi com Robertinho de Recife, que revelou detalhes em entrevista exclusiva à edição 104 da Guitarload (clique aqui para ler gratuitamente) .
A dupla chegou a trabalhar em estúdio antes de Andre Matos seguir para sua reunião com o Shaman – e antes de Robertinho gravar a recente leva de músicas com Zé Ramalho. O projeto ficou apenas em fase de ensaios, mas deu tempo de gravar uma versão em inglês para a música “Noturno”, do Fagner.
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“Faríamos um disco lindo só de baladas. Ele me procurou, mostrou algumas baladas e eu sugeri fazer um álbum assim, aí ele pirou. Passamos noites e noites tocando. Um dia, o teclado dele estava ligado na minha mesa e eu acabei gravando duas músicas”, afirmou Robertinho de Recife, com exclusividade à Guitarload.
Uma das gravações foi a já mencionada “Noturno”. A outra foi “How You Gonna See Me Now”, de Alice Cooper. “Ele cantando essa música… p*ta que pariu! Fico arrepiado ao falar. Ficou lindo!”, disse.
E por que essa gravação ainda não foi lançada? “Ele só errou na letra, em inglês. Até valeria eu divulgar, como documento, mas no Brasil é complicado… vão reclamar que ele errou a letra, sendo que ele só estava cantando de cabeça”, declarou o guitarrista.
Outro lado de Andre Matos
De acordo com Robertinho de Recife, a ideia do projeto era expor outro lado da voz de Andre Matos. “Não foi algo premeditado, de gravação. Ele apenas me mostrou as músicas, com ele no teclado e voz, eu no violão e meu filho (Rob Endraus) no baixo. Tocamos músicas do Styx, Journey, até ‘Wuthering Heights’, da Kate Bush, que ele já gravou com o Angra”, comentou.
Para explorar melhor o conceito, uma indicação foi feita por Robertinho: “Sugeri abaixar os tons para ele cantar uma oitava abaixo em alguns trechos, que ficava lindo. Até disse a ele que, na carreira, ele sempre explorou uma oitava acima, cantava sempre ‘no talo’”.
Infelizmente, a parceria não evoluiu para gravações oficiais porque Andre Matos faleceu. “Ele até falava: ‘pensa a gente em um palco todo branco, nós com roupas brancas, instrumentos brancos’… depois que ele faleceu, fiquei grilado com isso (risos). Será que ele sonhou com todos nós mortos, tocando no céu? Fiz uma oração e falei: ‘aquele sonho foi só um sonho, né, querido?’ (risos)”, conta Robertinho.
* A edição 104 da Guitarload (fevereiro de 2020) traz uma excelente entrevista com Robertinho de Recife, onde vários pontos de sua carreira são abordados. Além disso, conversamos com o guitarrista mineiro Guilherme Costa e apresentamos os principais lançamentos do mundo da guitarra na NAMM 2020. Clique aqui para ler a edição 104 da Guitarload – é de graça, mas por tempo limitado.