Robertinho de Recife foi um dos primeiros virtuosos da guitarra no Brasil. Com mais de 50 anos de carreira, o músico é citado como influência por ninguém menos que o Sepultura, a banda brasileira mais importante da história do metal, além de diversos outros guitarristas que mencionam o trabalho do veterano.
Ainda que não se descreva como um estudioso da guitarra nos dias de hoje, até por estar mais dedicado à produção musical, Robertinho pontua que, em seus anos iniciais na música, pesquisava muito sobre o instrumento. Ele deu dicas para os guitarristas que acompanham a Guitarload na edição 104 (fevereiro de 2020) da revista – clique aqui para ler na íntegra.
“Quando mais jovem, estudei muito guitarra, mas não fritando 10 horas por dia. Eu treinava ouvindo rádio, tocando todas as músicas que passavam. Meu desenvolvimento foi dentro da própria música”, afirmou.
O guitarrista complementa: “Sei que é importante treinar sozinho, com aulas, porém, acima de tudo, é importante conhecer o seu instrumento. Não penso em escalas, como os que treinam: penso em fraseados. Também tenho uma base de música sacra: os compositores clássicos que faziam obras para a igreja”, afirmou.
Ciente de seu diferencial, Robertinho de Recife pontua que um guitarrista que busca ter futuro na indústria musical precisa colocar em primeiro lugar a canção em que está trabalhando. “A dica para os novos guitarristas é: ouça a música. Analise a melodia, principalmente. Preste atenção até na letra. Se a letra é angustiada, por exemplo, você precisa buscar algo nesse estilo, que mostre emoção. Comece a pensar na música sem pensar tanto na teoria. Não adianta só pensar em impressionar, porque temos criancinhas asiáticas tocando na internet de forma tão complexa que você não vai conseguir”, disse.
Estilo e influências de Robertinho de Recife
Robertinho de Recife explica seu estilo característico nas 6 cordas: “Não busco algo perfeito, mas, sim, a emoção. A guitarra é uma fera, você tem que pegá-la. Claro, isso se for do jeito que eu gosto de tocar: com muito volume no amplificador, saturação do amp, só no pré, e quanto mais eu ferir a guitarra, mais ela vai reagir de forma agressiva. Só mexo no tom de volume. Por isso não gosto de guitarras Gibson: o botão de volume fica muito longe. Gosto do volume aqui, na minha mão, e sou sujo mesmo”.
Não à toa, uma de suas grandes referências é um guitarrista que também acumula função de produtor: Jimmy Page, do Led Zeppelin. “Era grande produtor e grande compositor. O cara tem um catálogo só de hits. Era sensacional – e muito simples. Usa coisas importantes, como algumas tensões”, afirmou.
Outra influência foi Eddie Van Halen, que surgiu de forma praticamente contemporânea a Robertinho de Recife. “Van Halen ele veio com muitas técnicas diferentes do que todos usavam. E tem um diferencial, até estava conversando com o Andreas Kisser sobre isso: o Eddie tinha alegria de tocar. O cara tocando e sorrindo, numa alegria, era como um brinquedo. Foi o que me chamou atenção”, disse.
* A edição 104 da Guitarload (fevereiro de 2020) traz uma excelente entrevista com Robertinho de Recife, onde vários pontos de sua carreira são abordados. Além disso, conversamos com o guitarrista mineiro Guilherme Costa e apresentamos os principais lançamentos do mundo da guitarra na NAMM 2020. Clique aqui para ler a edição 104 da Guitarload – é de graça, mas por tempo limitado.