O isolamento social, recomendado durante a pandemia do novo coronavírus, fez com que a venda de instrumentos musicais e equipamentos relacionados aumentasse nos Estados Unidos. A constatação foi feita em uma reportagem da Rolling Stone.
Alguns números apontados pela publicação, sempre considerando o contexto dos Estados Unidos, indicam o crescimento do interesse e das vendas em si:
- Desde o início da quarentena, as pesquisas pelo aplicativo Garageband, da Apple, usado para gravações musicais, aumentou 55% no Google – e houve registro de 13 milhões de downloads do app desde o início de fevereiro;
- Aplicativos da Apogee, Rolando e Splice também tiveram aumento de procura – o Splice, em especial, chegou a ter mais de um milhão de downloads de sons por dia;
- O site Reverb, usado para venda de instrumentos e equipamentos musicais novos ou usados, registrou procura e comercialização maiores do que em períodos de férias, que costumam ser bem movimentados;
- Ainda no Reverb, alguns lojistas da plataforma revelaram que o último mês de março registrou aumento de 50% a 100% nas vendas em comparação a março de 2019;
- O site Sweetwater, que também comercializa instrumentos e equipamentos na internet, chegou a ter 500 mil visitantes em sua página em um dia (o dobro do normal) e 15 mil a 20 mil encomendas enviadas também diariamente;
- O site da Guitar Center, uma das redes de lojas mais tradicionais dos Estados Unidos, registrou mais que o dobro das vendas após o início da quarentena;
- A Music & Arts, empresa-irmã da Guitar Center, ofereceu mais de 50 mil aulas de música após o início da quarentena, já que muitos estudantes anseiam por mais de uma aula por semana, diferentemente do padrão.
O incentivo do isolamento
O que justifica essa aumenta de procura por instrumentos e equipamentos musicais durante o isolamento social? O mercado em questão estava, justamente, em crise nos últimos anos, com grandes fabricantes e lojas especializadas anunciando falência.
Parece óbvio, mas o fato de muitas pessoas estarem com tempo livre tem permitido uma dedicação extra a seus hobbies e interesses pessoais, como aprender a tocar um instrumento ou aprimorar suas habilidades. Os lojistas ouvidos pela Rolling Stone apontam que, no geral, os equipamentos vendidos são para iniciantes – e não apenas jovens, como, também, o público acima dos 40 anos.
O que já estava em alta
Um mercado que já estava em alta no segmento dos instrumentos musicais, antes mesmo da quarentena, é o de teclados MIDI e baterias eletrônicas, indicando o interesse pela criação de batidas. No último ano, houve crescimento de 171% e 125% nas pesquisas por esses tipos de produtos na Reverb, respectivamente.
Outro segmento que também vinha crescendo é o de interfaces de áudio, para montar estúdios caseiros. Na Reverb, esse crescimento tem sido de 303% por ano.
A busca por esse tipo de equipamento também indica que as criações musicais podem estar cada vez mais complexas. Não se trata mais de pegar um violão e sair toacndo ‘Knockin’ on Heaven’s Door’ por aí: os iniciantes querem ir além.
Outra variável curiosa apontada pelo Reverb: o site registrou que muitas pessoas que estão comprando equipamentos profissionais de áudio são as que compraram guitarra ou bateria por lá no ano anterior. Isso pode indicar que eles estão buscando experimentos com outros músicos em âmbito virtual, com gravações colaborativas mediadas à distância.
Há, ainda, o aumento na procura por controladores de DJs, algo apontado pela Guitar Center. Muitos DJs que usavam equipamentos alugados ou de estúdios para seus trabalhos tiveram que comprar seus próprios para seguir produzindo.
Seria o renascimento do interesse no mercado de instrumentos e equipamentos musicais? Resta aguardar para testemunhar se essa será uma das várias mudanças que a pandemia do novo coronavírus trará para a sociedade como um todo.