Andreas Kisser, do Sepultura, recordou-se da audição que fez para ser guitarrista de turnê do Metallica, para shows em 1992. Na época, o vocalista James Hetfield, que também toca guitarra, sofreu queimaduras de segundo e terceiro graus após ficar próximo demais da pirotecnia de palco durante uma apresentação no Canadá.
A ideia era que Hetfield seguisse em turnê com o Metallica, apenas cantando, e que um segundo guitarrista ocupasse a função deixada por ele. O trabalho acabou ficando com John Marshall, que era roadie da banda e membro do Metal Church, mas Kisser foi considerado para a vaga – e foi um dos finalistas, junto de Marshall, na seleção.
Durante entrevista ao canal de Ted Aguilar, do Death Angel, no YouTube, Andreas comentou, inicialmente, que sempre foi fã do Metallica. “Eu e Phil Rind (Sacred Reich) éramos os únicos que defendiam a banda quando eles lançaram o ‘Black Album’ (1991). Falavam que a banda havia se vendido e a gente sempre defendia”, comentou, conforme transcrito pelo Blabbermouth.
Em seguida, ele falou sobre a audição. “Esse teste foi muito diferente. Deu para sentir a pressão. Uma coisa é tocar uma música do Metallica com seus amigos, outra coisa é olhar para trás e ver Lars (Ulrich, baterista). Tocamos ‘The Shortest Straw’, ‘One’, ‘Nothing Else Matters’, ‘Enter Sandman’… fico arrepiado só de lembrar”, disse.
O convite para o teste foi feito pelo então baixista, Jason Newsted. “Ele me ligou e falou que estavam em Denver, no Colorado, e estavam com o equipamento montado, daí chamaram vários músicos para testar. Amigos, bandas covers de Metallica, tudo mundo. O Metallica é grande porque eles são gigantes em todos os sentidos, inclusive na atitude. Eles tentaram todas as possibilidades, até eu, um guitarrista do Brasil”, afirmou.
Andreas Kisser pegou, na hora, um voo para Denver apenas com sua guitarra, modelo Charvel. “Havia uma limusine me esperando e eu fui direto para a arena. O primeiro que vi foi Kirk Hammett (guitarrista), que perguntou: ‘ei, você veio do Brasil, está tudo bem com você?’. Depois, fui ouvir alguns caras tocando e eu era o próximo. Eu fiquei tão tranquilo, pois eles me deixaram à vontade. Foi perfeito. Quando tocamos ‘Enter Sandman’, até os caras da equipe falaram que pensaram ser a banda toda tocando”, disse.
A gig ficou entre Andreas Kisser e John Marshall, mas o brasileiro não conseguiu. “Só por isso, já foi uma grande vitória para mim, mesmo que eu não conseguisse a vaga. Porém, algumas músicas do ‘Black Album’ ainda eram muito novas para mim. ‘The Unforgiven’ tinha vários detalhes que eu não sabia ainda. E John Marshall já estava pronto. Ele é americano, e todos eram amigos e tal. Por muito pouco, não tive a chance de excursionar com eles e com o Guns N’ Roses, com o Faith No More na abertura. Mas foi uma das melhores experiências da minha vida. E seguimos amigos”, concluiu.
A entrevista pode ser conferida na íntegra, em inglês e sem legendas, no player de vídeo a seguir.