John Frusciante nem sempre foi confiante em relação ao seu modo de tocar guitarra. Na verdade, o membro do Red Hot Chili Peppers revelou que um comentário feito por um antigo professor quase o distanciou de seu propósito musical.
A história é a seguinte: ainda jovem, Frusciante estava amadurecendo no instrumento e começou a ter aulas com um professor de guitarra que sua mãe conheceu.
Então, o aprendiz mostrou algumas gravações próprias para o tutor, que eram baseadas em texturas criativas e experimentações.
“Eu estava no caminho certo. Mas o professor me disse: ‘O barulho da sua gravação está OK, mas, se você não consegue tocar uma pentatônica rapidamente, não pode sair por aí dizendo que é um bom guitarrista’.”
Comentário traumático
Nesse momento, o professor pediu que Frusciante tocasse a escala o mais rápido que pudesse. No fim da execução, ele disse ao aluno: “Isso não é rápido. Você não é um bom guitarrista”.
Após a crítica, Frusciante foi sincero e respondeu ao instrutor:
“Não consigo decidir se devo ser um guitarrista focado em texturas ou em técnica. Ele disse: ‘Claro que deve ser um guitarrista técnico, porque poderá fazer o que quiser. Mas um guitarrista de texturas não pode fazer o que um técnico faz’.”
Frusciante nunca mais teve aulas com o professor. “Ouvir que eu não era um bom guitarrista foi a pior sensação que eu poderia imaginar. Eu só queria ter a certeza de que ninguém iria dizer isso para mim de novo”, explicou.
Perda de foco
Durante a entrevista no podcast This Little Light, liderado pelo colega de banda Flea, Frusciante revelou que a crítica quase o fez perder a identidade musical.
Como aquele professor havia citado Steve Vai como exemplo de bom guitarrista, Frusciante mergulhou na obra do virtuoso e começou a priorizar o estudo de técnica.
“Foi nessa época que Steve Vai e Frank Zappa se tornaram minhas referências. Eu tinha cerca de 16 anos e comecei a aprender coisas mais complicadas”, lembrou.
No entanto, ele acabou percebendo que deveria permanecer fiel ao seu modo de expressão.
“Uma pessoa tem ‘isto’ a dizer, e outra pessoa tem ‘aquilo’ a dizer. Al Di Meola tinha de ser capaz de tocar rápido, mas Robert Johnson não precisava desse tipo de técnica para se expressar”.
Conversa com Steve Vai
Por fim, há cerca de cinco anos, John Frusciante teve a oportunidade de compartilhar a experiência com o próprio Steve Vai.
“Ele fez eu me sentir muito bem sobre o episódio. Steve me contou uma história sobre um professor de música que ‘estragou’ o cérebro dele por um tempo. Foi muito bom vê-lo simpatizando com a minha posição”, finalizou o guitarrista do RHCP.