Steve Vai voltou a falar sobre um tema que sempre desperta a curiosidade dos guitarristas: por que ele nunca abraçou de vez as Stratocasters e Les Pauls, mesmo admirando os instrumentos e seus criadores. A resposta, segundo o próprio músico, tem menos a ver com tradição e mais com liberdade criativa — algo que só apareceu quando ele cruzou o caminho da Ibanez.
A busca por um instrumento que não existia
Vai contou que passou anos tentando encontrar uma guitarra que traduzisse suas ideias. Ele precisava de versatilidade, estabilidade e ergonomia, mas não encontrava tudo no mesmo lugar.
A Strat oferecia conforto e vibração, porém faltava pressão sonora para seus arranjos mais pesados. A Les Paul entregava potência, mas restringia movimentos e não permitia técnicas extremas de tremolo.
O guitarrista percebeu que nenhuma das opções clássicas combinava com sua abordagem técnica, que incluía alavancadas profundas, frases rápidas no registro agudo e mudanças de dinâmica muito bruscas.
A decisão de romper com os padrões tradicionais
Quando entendeu que não encontraria o que queria nas prateleiras, Vai decidiu criar a própria referência. Ele esboçou um instrumento com 24 trastes acessíveis, corpo esculpido para facilitar solos velozes e uma combinação de captadores capaz de alternar entre brilho e agressividade.
Era um projeto ambicioso. Ele enviou o desenho a diversas fabricantes, esperando que alguma aceitasse o desafio. A maioria apresentou versões aproximadas, mas nenhuma encostou nas exigências do músico. O próprio Vai afirma que algumas marcas tentaram adaptar modelos existentes, mas sem coragem para quebrar tradições.
A resposta surpreendente da Ibanez
A reviravolta veio quando a Ibanez decidiu apostar alto. A equipe de design analisou todas as especificações e produziu um protótipo exatamente alinhado às demandas de Vai.
O instrumento unia potência, equilíbrio e um nível de ergonomia inédito para a época. O braço rápido, o acesso total às últimas casas e o comportamento estável do tremolo deram ao músico aquilo que ele buscava desde o início.
Esse gesto mudou o rumo da carreira de Vai — e também o rumo da própria indústria. A parceria gerou uma série de modelos que influenciou toda a geração de guitarristas virtuosísticos dos anos 80 e 90.
A visão de Steve Vai sobre a escolha
Para ele, a diferença da Ibanez não estava apenas no produto final, mas na postura diante do desafio. A marca tratou suas ideias com seriedade e transformou um pedido ousado em realidade.
Vai afirma que prefere trabalhar com pessoas que entendem sua linguagem musical e respeitam suas necessidades. Ele buscava um instrumento que expandisse sua criatividade, não que limitasse suas possibilidades.
A Ibanez entregou isso. Stratocasters e Les Pauls continuam fazendo parte da história da música, mas nenhuma delas conseguiu oferecer o formato que ele imaginava para sua própria jornada artística.
A guitarra como extensão do corpo e da mente
Ao comentar o assunto, Vai reforçou que o instrumento ideal vai além do design. Ele precisa refletir a identidade do músico. No seu caso, a guitarra precisava suportar técnicas intensas, efeitos marcados e mudanças bruscas de dinâmica. Ele exigia precisão, conforto e estabilidade extrema no palco.
O desenvolvimento da linha que nasceu dessa parceria provou que é possível unir inovação, musicalidade e personalidade em um único instrumento. Foi assim que a Ibanez se tornou a escolha definitiva do guitarrista.
A história mostra que a coragem da Ibanez em assumir riscos abriu portas para novas gerações de instrumentos modernos. Modelos com 24 trastes, captadores híbridos, superstrats ergonômicas e sistemas de tremolo mais seguros se tornaram padrão na década seguinte. A busca pessoal de Vai acabou transformando o mercado. Marcas do mundo inteiro passaram a investir em guitarras mais ousadas, planejadas para técnicas avançadas e linguagem moderna.
A história completa você confere no vídeo abaixo:




