A edição nº 145 da Revista Guitarload traz uma pauta que finalmente faz um acerto de contas com a memória e a obra de um dos guitarristas mais lendários e injustiçados da história: Roy Buchanan. O material mergulha em sua técnica, nos bastidores de sua carreira e no impacto silencioso que moldou gerações de músicos, mesmo sem o reconhecimento comercial que ele merecia.
Buchanan nasceu em 1939, no Missouri, e cresceu cercado por blues e country. Sua síntese desses universos criou uma linguagem própria: vibrações quase humanas no controle do volume, bends que pareciam carregar histórias inteiras e uma Telecaster transformada em extensão da voz. Ele iniciou a carreira profissional nos anos 1960 e logo chamou atenção pelo domínio absoluto do instrumento, embora sua resistência às pressões de mercado o mantivesse distante dos holofotes.

Entre músicos, porém, seu nome se tornou lei. Jeff Beck, Billy Gibbons, Danny Gatton e Stevie Ray Vaughan o citaram como referência absoluta. Performances como o solo incendiário no Fillmore East ajudaram a construir a reputação de um virtuoso que preferia comunicar emoção antes de velocidade, verdade antes de artifício.
A nova pauta da revista mostra como sua trajetória oscilou entre genialidade, independência e escolhas artísticas que priorizavam autenticidade em vez de fama. Também apresenta discos essenciais da carreira, momentos curiosos do palco e fotos históricas que ajudam a reconstruir a memória de um artista cuja importância nunca coube no rádio, mas sempre coube nos corações de guitarristas atentos.
A Guitarload assume, assim, uma missão tardia, mas necessária: trazer Roy Buchanan de volta ao lugar que sempre foi dele, o da influência profunda, do som que respira, do fraseado que ainda ecoa em cada músico que busca mais do que notas rápidas. Ecoa naqueles que procuram alma na madeira, no aço e no silêncio carregado de intenção.





