Na ed. nº 144 da Revista Guitarload, nosso colunista Caio Garcia coloca os holofotes sobre Hard Road, o novo trabalho de Christone “Kingfish” Ingram que representa uma guinada concreta na carreira do guitarrista. O lançamento marca a estreia da Red Zero Records, produtora criada pelo próprio músico, e consolida sua intenção de controlar cada etapa do processo criativo — do som ao conceito.
O álbum reforça a estética que Kingfish desenvolve há anos: um blues filtrado pela atualidade, mas sem perder o senso de identidade que o projetou como um dos nomes mais relevantes da nova geração.
Sonoridade construída com precisão e intenção
Hard Road foi registrado com o mesmo equipamento das turnês, e isso não funciona como recurso de marketing, mas como uma posição artística. A Fender Kingfish Telecaster Deluxe Signature surge na capa em um novo esquema azul-claro com escudo branco, refletindo o caráter direto da obra. A dupla de amplificadores — Fender Twin Reverb e Peavey Classic — dá sustentação a timbres sólidos, sem exageros.
O pedalboard reduzido — Wah Mini Cry Baby, Marshall Shred Master, MXR Sugar Drive e Boss DD-3 — revela outra escolha: evitar distrações. Kingfish prioriza a articulação, o ataque e o discurso musical, deixando claro que sua expressividade não depende de camadas adicionais.
Leitura contemporânea sobre temas ancestrais
“Crosses” oferece um dos momentos mais marcantes do disco ao revisitar a cadência de antigas worksongs, tanto na forma quanto no conteúdo emocional. À medida que avança, a faixa ganha arranjo moderno, reforçando a ideia de que o blues se mantém atual por causa — e não apesar — de suas raízes.
O encerramento reforça a amplitude do álbum. “Voodoo Charm” se apoia na progressão clássica 1-4-5 para entregar um funk blues de estrutura precisa. Em seguida, “Memphis” desmonta qualquer expectativa grandiosa: Kingfish assume o acompanhamento enquanto Harrell “Rell” Davenport conduz a gaita, recriando uma atmosfera que remete ao início da eletrificação do gênero.
Guitarload 144 apresenta a síntese dessa nova etapa

Na edição nº 144, a Guitarload analisa como Hard Road funciona como registro de uma transição criativa. O disco organiza vivências pessoais, referências históricas e escolhas estéticas que sinalizam maturidade — não no sentido de previsibilidade, mas de profundidade.
A Guitarload #144 já está disponível para aceso gratuito. Para quem acompanha a evolução dos grandes guitarristas, vale a leitura completa.





