A guitarra elétrica pode até ser um ícone atemporal, mas, tecnologicamente falando, mudou bem pouco ao longo do último século. Foi justamente olhando para esse “congelamento no tempo” que o designer britânico Anthony Dickens decidiu virar o jogo — e criou a Circle Guitar, já considerada um dos projetos mais ousados a surgir no mundo das guitarras nas últimas décadas.
Visualmente, ela já chama atenção: um disco giratório cheio de aparatos que fazem a guitarra “se tocar sozinha”. Esse mecanismo, controlado por MIDI, executa padrões rítmicos impossíveis para mãos humanas, liberando o músico para explorar texturas, efeitos, mutações de acordes e interações totalmente novas com o instrumento.
Dickens define sua criação como “uma guitarra eletromecânica que usa um sequenciador físico com MIDI para palhetar as cordas”. Simples na descrição, mas absolutamente transformadora na prática.
Concepção inovadora
A ideia nasceu em 2018, quando Dickens se fez uma pergunta direta:
“O pensamento era simples: e se eu pudesse palhetar uma guitarra, mas esse movimento nunca terminasse?” O primeiro protótipo foi quase artesanal ao extremo — uma guitarra barata, rolamentos de skate, palhetas finíssimas e até um puxador de armário.
O projeto ganhou tração de verdade quando Ed O’Brien, do Radiohead, viu a Circle Guitar. Ele descreveu o modelo como “extraordinário”, dizendo que era “quase como tocar um instrumento diferente” ou “aprender uma nova linguagem”. Um vídeo do guitarrista usando a Circle viralizou e colocou o projeto no radar de artistas do mundo todo.
Hoje, a Circle Guitar já está nas mãos de músicos como Ed O’Brien, Mike Gordon (Phish), além de produtores renomados. Segundo informações do site Guitar.com, cada unidade é feita sob encomenda e custa 7.995 libras esterlinas – cerca de R$ 58 mil na cotação atual e em transação direta.
Para Dickens, críticas fazem parte do jogo. “Algumas pessoas ficam irritadas porque acham que a Circle é trapaça”, diz. Mas ele rebate lembrando que inovação sempre incomodou: “Todo herói da guitarra foi um ‘rebelde’ no início.”
No fim das contas, a Circle Guitar não quer substituir a guitarra tradicional — quer abrir novas portas sonoras para quem ainda acredita que seis cordas podem ir muito além do óbvio. E você, o que acha de tudo isso?




