Enquanto o mercado da música muda constantemente com tendências passageiras e guitarras de boutique ganham os holofotes, a Fender mantém um núcleo inabalável. Em meio a esse cenário, o mestre luthier Paul Waller revela que certas guitarras continuam saindo da linha de produção como se o tempo não passasse.
“Teles butterscotch, Strats pretas e sunbursts… essas são eternas”, afirma Waller. “Fazemos essas nas mesmas quantidades todos os anos, independentemente da moda.” Esse apego aos clássicos mostra que, apesar das inovações, algumas sonoridades seguem vivas na memória – e nas mãos – dos músicos.
O ouvido do músico mudou – e a Fender também
Se por um lado os modelos icônicos permanecem, por outro os músicos de hoje têm exigências diferentes. Segundo Waller, os artistas contemporâneos estão com o ouvido mais treinado. Eles notam nuances em captadores, madeiras e detalhes construtivos que antes passavam despercebidos.
“Hoje, as pessoas realmente percebem o que usamos, como o maple e o amieiro tostados, além dos corpos de freixo”, explica. “Esses elementos influenciam diretamente no som, e quem busca um timbre único acaba nos procurando exatamente por isso.”
Com a Fender Custom Shop trabalhando sob encomenda, a escuta ativa do consumidor se torna parte essencial do processo. “Nós só fazemos o que as pessoas pedem”, resume o luthier.
Tendência, tradição e previsão: o tripé do sucesso
Para estar sempre um passo à frente, a Fender precisa entender o que o mercado quer antes que o mercado saiba que quer. Parece confuso, mas não para quem trabalha com prazos de dois anos.
“Boa parte dos meus pedidos tem dois anos de antecedência”, revela Waller. “Por isso é essencial conversar com os revendedores, entender o que está em alta e ajustar nosso radar”, completa.
Essa troca constante permite que a marca mantenha uma produção alinhada com o presente e, ao mesmo tempo, preparada para o futuro. É assim que ela se mantém atual sem abandonar suas raízes.
O captador ainda é a alma da Fender
Se há algo que Waller faz questão de defender com paixão, é o valor dos captadores. Para ele, é nesse componente que reside o verdadeiro DNA da Fender.
“Os captadores são o coração e a alma de tudo”, afirma. “Fabricamos guitarras incríveis, mas também somos o maior fabricante de captadores do mundo – e fazemos isso muito bem”, sentencia.
A tradição da empresa em manter profissionais há décadas no mesmo ofício reforça a consistência e a qualidade que sustentam sua fama. “Tem gente trabalhando aqui desde os anos 50 e 60, com a mesma dedicação”, pontua.
Inspirado pelo universo dos hot rods, Waller resume sua filosofia: criar instrumentos que pareçam saídos de outra era, mas com performance moderna. Um casamento entre o passado e o presente – exatamente como deve ser uma Fender Custom Shop.





