Ola Strandberg voltou a discutir um dos temas mais sensíveis do design moderno de guitarras: a dificuldade que músicos tradicionais ainda têm em aceitar instrumentos sem headstock. Mesmo após anos de avanços em ergonomia, peso, tocabilidade e sonoridade, o fundador da Strandberg Guitars afirma que a barreira definitiva para a adoção em massa das headless não é técnica, mas visual.
Para Strandberg, os instrumentos da marca carregam um estigma: o de serem guitarras feitas quase exclusivamente para metal progressivo.
O motivo é compreensível — seu design futurista acabou dominando esse universo, especialmente nas mãos de artistas como Plini, Sarah Longfield e Per Nilsson. No entanto, ele reforça que a empresa nunca pensou seus modelos apenas para esse nicho. A intenção sempre foi criar instrumentos para qualquer guitarrista, independentemente de gênero ou estilo.
A busca pela aceitação do guitarrista “comum”
Durante participação no Guitar Summit 2025, Strandberg explicou que o desafio agora é fazer com que músicos de formação mais tradicional enxerguem as guitaras headless como ferramentas viáveis para todos os contextos. Ele defende que, em termos de sonoridade e tocabilidade, a tecnologia já está consolidada; o que falta é romper a resistência estética.
Segundo ele, a aparência moderna — frequentemente associada a ficção científica — funciona como obstáculo para quem cresceu cercado por formatos clássicos. No entanto, a marca já observa uma abertura maior, especialmente entre artistas que fogem totalmente do metal. Jacob Collier, por exemplo, possui assinatura própria de cinco cordas, e ajuda a reposicionar a imagem das Strandberg em contextos mais amplos.
Strandberg também acredita que as transformações atuais da música podem favorecer a expansão das headless. Assim como a guitarra elétrica evoluiu em paralelo ao surgimento de novos gêneros, ele aposta que a próxima geração de artistas trará necessidades diferentes e ampliará o espaço para abordagens mais modernas.
Para o fundador da marca, isso já está acontecendo: jovens guitarristas estão menos focados em virtuosismo extremo e mais abertos a texturas, expressividade e novas maneiras de tocar. Ele vê nisso uma oportunidade de renovação — tanto para a comunidade de guitarristas quanto para sua própria empresa.
O objetivo da Strandberg, segundo ele, é claro: acompanhar essas mudanças, inspirar novos músicos e desenvolver instrumentos que respondam às demandas de quem está surgindo agora. No fim das contas, a missão permanece a mesma desde o início: repensar o que a guitarra pode ser e derrubar, etapa por etapa, as barreiras que impedem sua evolução.





