O blues pode estar mais vivo do que nunca – e ninguém menos que Buddy Guy está liderando esse renascimento. Aos 89 anos, o lendário guitarrista apareceu de surpresa no filme Sinners, dirigido por Ryan Coogler, e sua participação tem um objetivo claro: manter o blues pulsando no coração das novas gerações.
Buddy Guy interpreta Sammie, um personagem simbólico e carregado de história. Em uma entrevista recente ao Press Democrat, ele contou que aceitou o papel com uma missão: dar visibilidade ao gênero que ele defende há 70 anos. “Talvez alguns jovens pensem: ‘Nossa, eu vi esse filme. Gostei do que ele interpretou. Quero experimentar'”, disse ele, com a esperança de acender uma chama em quem ainda nem sabe o que é blues.
Um pacto entre gigantes do blues
Em sua fala, Buddy Guy relembra um acordo feito décadas atrás com B. B. King e Muddy Waters. Eles decidiram que aquele que vivesse mais tempo continuaria carregando a bandeira do blues. E Buddy, hoje um dos últimos representantes da era de ouro do blues de Chicago, está cumprindo a promessa com firmeza e paixão.
“Não sou eu – é o blues”, afirma ele, com humildade. Mesmo com uma trajetória que inclui vários prêmios Grammy, Guy prefere colocar o gênero à frente de sua própria imagem. Segundo ele, até crianças pequenas se aproximam depois dos shows, encantadas pelo som que mal sabiam existir.
Por que o blues não é tão popular quanto o country?
Enquanto artistas como Beyoncé, Post Malone e Lana Del Rey experimentam o country com grande repercussão, o blues parece não ter o mesmo destaque. Para Guy, o motivo é claro: a exclusão do gênero nas grandes rádios FM. “O blues tem sido tratado como um enteado”, afirmou em entrevista à Guitar Player.
Apesar da popularidade das rádios via satélite, que ainda tocam blues com frequência, ele lamenta que elas não explorem as profundezas do gênero. Isso o leva a buscar outras plataformas – como o cinema – para manter a chama acesa.
Aposentadoria? Ainda não é hora
Mesmo tendo considerado se aposentar duas vezes, Buddy Guy segue firme. “Minha saúde não está tão ruim, então… estou apenas tentando tocar o melhor que posso”, revelou. A motivação é clara: não se trata apenas de seguir no palco, mas de continuar inspirando.
E inspirar é exatamente o que ele está fazendo. Ao ver o blues ganhando espaço em um filme de terror, ele aposta que a arte pode ser um portal. Um convite sutil, mas poderoso, para que jovens redescubram a intensidade e a alma do blues – talvez pela primeira vez.
A fagulha de um renascimento
Buddy Guy não quer apenas tocar músicas. Ele quer acender uma fagulha, provocar uma reação, abrir espaço para que novas vozes encontrem no blues um caminho para expressar suas dores, amores e verdades. E se for preciso entrar no universo do cinema para isso, ele está mais do que disposto.
Com quase nove décadas de vida e uma carreira que atravessou gerações, Buddy Guy não quer ser lembrado apenas como uma lenda do passado. Ele quer ser a ponte que liga o blues ao futuro. E, ao que tudo indica, está conseguindo.
30 de julho de 2025 marca o aniversário desse mestre do blues. Ele completa 89 anos, mas quem ganha o presente somos nós. Dê o play abaixo e confira o novo álbum de Buddy Guy.




