A Fender apresentou, recentemente, a série American Professional Classic como parte de uma reorganização estratégica de seus instrumentos fabricados nos Estados Unidos. A linha substitui a American Performer e passa a ocupar um espaço intermediário no catálogo da marca.
Segundo Max Gutnik, Gerente de Projetos da Fender Musical Instruments Corporation (FMIC), o projeto foi guiado por uma pergunta simples:
- O que realmente define um instrumento clássico para o músico atual?
Gutnik explica que o erro mais comum ao abordar instrumentos clássicos é tratá-los como modelos intocáveis. Para a Fender, o clássico nunca foi sinônimo de rigidez histórica, mas de funcionalidade aplicada à música real.
A American Professional Classic não foi criada para replicar especificações de uma era específica. O objetivo foi capturar a sensação, a resposta ao toque e o comportamento sonoro que tornaram esses instrumentos icônicos, adaptando-os ao uso moderno.
Segundo o executivo, o músico atual precisa de um instrumento que funcione bem em diferentes contextos — palco, estúdio e gravações domésticas — sem exigir adaptação excessiva.

Tocabilidade pensada para o uso diário
Um dos pilares do projeto foi a experiência ao tocar. Gutnik afirma que o braço da guitarra recebeu atenção especial por ser o principal ponto de contato entre músico e instrumento.
O perfil escolhido busca equilíbrio entre conforto moderno e referência clássica. As bordas da escala suavizadas e o acabamento foram pensados para oferecer sensação imediata de familiaridade, reduzindo fadiga e facilitando longas sessões de uso.
Para a Fender, o instrumento não deve impor limites técnicos ao músico. Ele deve responder de forma previsível, natural e consistente.
Captadores com identidade vintage e alcance atual
Outro ponto central explicado por Gutnik foi o desenvolvimento dos novos captadores da série. Em vez de copiar circuitos antigos, a equipe focou no comportamento sonoro que os músicos associam ao “som Fender clássico”.
Os captadores foram projetados para manter dinâmica, clareza e resposta à palhetada, mas com margem suficiente para lidar com níveis mais altos de ganho e cadeias de pedais modernas. A ideia foi criar um timbre familiar, porém flexível.
Segundo o executivo, um captador que soa bem apenas em configurações vintage não atende às necessidades do músico atual.
Hardware tradicional com engenharia moderna
Visualmente, a American Professional Classic mantém elementos clássicos da Fender, como tarraxas e pontes de inspiração retrô. No entanto, Gutnik destaca que quase nenhum desses componentes é uma reprodução literal do passado.
Pequenas alterações técnicas foram feitas para melhorar estabilidade, afinação e entonação. São mudanças discretas, muitas vezes invisíveis ao olhar, mas perceptíveis na prática.
A filosofia foi clara: respeitar a estética histórica enquanto a engenharia trabalha para otimizar desempenho e confiabilidade.
Acabamentos com personalidade, sem exageros
Ao falar dos acabamentos, Gutnik explica que a Fender quis evitar soluções artificiais. A série não adota relic extremo, mas utiliza cores que remetem ao envelhecimento natural do tempo.
A intenção é permitir que o músico construa sua própria história com o instrumento, em vez de comprar uma narrativa pronta. O visual “vivido” surge como referência estética, não como desgaste forçado.
Novo espaço no catálogo Fender
A American Professional Classic também redefine a estrutura da linha Fender feita nos EUA. A série passa a ocupar um espaço intermediário-premium, posicionada acima dos modelos mexicanos e abaixo das linhas mais sofisticadas.
Segundo Gutnik, trata-se de oferecer escolhas reais. Nem todo músico busca recursos extremos ou personalização máxima. Muitos querem um instrumento sólido, confiável e com identidade forte.
Um clássico que conversa com o presente
Para a Fender, o conceito por trás da American Professional Classic é direto: tradição só tem valor quando continua relevante. A série não tenta reinventar a marca, mas reforçar seus fundamentos sob uma ótica atual.
Como resume Gutnik, o clássico não está preso ao passado — ele evolui junto com a forma como a música é feita hoje.



