Poucas bandas do metal moderno são tão comentadas quanto o Lorna Shore. Com sua sonoridade extrema e técnica apurada, o grupo conquistou fãs no mundo todo. Mas, para o guitarrista Adam De Micco, o aprendizado musical pode vir de onde menos se espera — até mesmo de uma música que ele considera “terrível”.
Em entrevista à Guitar World, De Micco revelou que odeia “Sweet Child O’ Mine”, do Guns N’ Roses, mas ainda assim reconhece o impacto duradouro da faixa. Segundo ele, o sucesso do clássico serviu como um lembrete poderoso sobre o que faz uma música atravessar gerações.
“A música é horrível – odeio a voz do Axl e nem gosto da forma como o Slash toca, mas ela resiste ao teste do tempo”, afirmou o guitarrista.
O desafio de compor algo atemporal
O comentário pode soar polêmico, mas a reflexão de De Micco é profunda. Ele observou que, enquanto muitas canções modernas desaparecem em poucos meses, hits como “Sweet Child O’ Mine” permanecem vivos por décadas.
“Hoje em dia, a música vem e vai em menos de um ano, mas ainda existem bandas de 30 ou 40 anos atrás que continuam empolgando as pessoas. E eu fico pensando: como?”, questionou.
Essa inquietação se tornou combustível criativo. O guitarrista afirmou que queria escrever algo que tivesse o mesmo poder de permanência, mesmo que partisse de um estilo completamente diferente.
“Eu queria compor um lick de guitarra que algum garoto quisesse aprender. Algo marcante, como foi Crazy Train para mim e Andrew [O’Connor, guitarra base]”, contou.
O aprendizado por trás do desconforto
De Micco explicou que passou a enxergar o valor de músicas que não gosta, justamente por perceber o quanto elas se conectam com o público. Esse olhar mais analítico o ajudou a amadurecer como compositor e performer.
Durante a turnê de Pain Remains, ele notou que alguns riffs que soavam incríveis no estúdio não funcionavam ao vivo. “Você percebe que uma parte é muito complicada ou não é musical o suficiente para o público digerir”, admitiu.
Esse processo o levou a repensar a forma como compõe — buscando simplicidade, propósito e emoção, em vez de apenas virtuosismo técnico.
Uma nova fase para o Lorna Shore
O mais recente álbum do Lorna Shore, I Feel the Everblack Festering Within Me, marca um novo momento na trajetória da banda. Lançado em 2025, o disco reflete uma mudança de mentalidade: menos raiva e mais introspecção.
De Micco contou que, durante a produção do álbum anterior, Pain Remains (2022), o grupo vivia uma fase turbulenta — morando com os pais, trocando de gravadora e lidando com perdas internas. Isso se traduziu em músicas intensas e carregadas de frustração.
Agora, o cenário é outro. “As coisas estão indo muito bem, e isso é um desafio. Sempre escrevi com raiva, mas agora a pressão é diferente: tenho medo de perder tudo o que conquistei”, explicou.
A busca pela música que resiste ao tempo
Mesmo com a sonoridade brutal e moderna, o Lorna Shore mostra que a essência da música duradoura continua a mesma: emoção verdadeira, melodias memoráveis e autenticidade.
Adam De Micco pode até detestar “Sweet Child O’ Mine”, mas aprendeu com ela uma das maiores lições de todos os tempos: músicas que tocam o coração sobrevivem ao tempo — independentemente do gênero ou gosto pessoal.
As informações são do site Ultimate Guitar.



