O mundo da música perdeu nesta segunda-feira (16) um de seus grandes talentos. O guitarrista e violonista Hélio Delmiro, reconhecido internacionalmente por sua técnica refinada e sua contribuição à cena instrumental brasileira, faleceu aos 78 anos, em sua residência em Brasília.
Delmiro vinha enfrentando sérios problemas de saúde nos últimos anos. Portador de diabetes, também lidava com complicações renais que o obrigaram a sessões regulares de hemodiálise em Ceilândia, no Distrito Federal. Em 2024, passou quase dois meses internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, para tratar uma insuficiência renal.
Legado enorme
Nascido no Rio de Janeiro, Hélio iniciou sua trajetória musical ainda na infância. Aos cinco anos, recebeu do irmão um cavaquinho, instrumento que marcou suas primeiras experiências com a música. Poucos anos depois, foi conquistado pelo violão, influenciado pelo surgimento da bossa nova. A partir daí, o jovem músico trilhou um caminho que o colocaria entre os maiores instrumentistas do país.
Sua carreira foi marcada por parcerias com artistas consagrados como Elis Regina, João Bosco, João Donato, Clara Nunes, Elizete Cardoso e Carlos Lyra, além de uma histórica gravação ao lado da diva norte-americana Sarah Vaughan. Hélio também integrou grupos de destaque nos anos 1960, como o Fórmula 7, ao lado de músicos que viriam a se tornar ícones da música brasileira, entre eles Luizão Maia e Márcio Montarroyos.
Em sua discografia, o álbum Samambaia, gravado em 1981 com o pianista César Camargo Mariano, permanece como uma das obras-primas da música instrumental nacional. Delmiro também teve participação fundamental no lendário disco Elis & Tom (1974), um marco na MPB.
Mesmo com os problemas de saúde, o músico seguiu ativo até pouco antes de sua morte. No fim de maio de 2025, lançou nas plataformas digitais o álbum Certas Coisas, projeto em parceria com o cantor Augusto Martins. O trabalho, com 12 faixas, marcou o retorno de Delmiro aos estúdios após mais de duas décadas sem lançar um álbum autoral — o anterior havia sido Compassos, de 2004.
Nos últimos anos, Hélio vivia em Brasília, perto dos três filhos, que o acompanhavam de perto. Seu legado, no entanto, transcende fronteiras geográficas e gerações, permanecendo como referência para músicos e admiradores da boa música em todo o mundo.