Aos 67 anos, Jake E. Lee prova que a paixão pela música pode ser mais forte que qualquer dor. O lendário guitarrista, conhecido por seu trabalho ao lado de Ozzy Osbourne, revelou que a artrite o obrigou a transformar completamente sua forma de tocar guitarra.
“Não consigo sentir, é osso com osso”, confessou em entrevista recente, descrevendo a gravidade da situação. A cartilagem do pulso praticamente desapareceu, deixando como única opção médica a fusão dos ossos, o que o impediria de movimentar a articulação. Mas desistir nunca foi uma possibilidade.
A reinvenção de um estilo
Determinado a continuar no palco, Lee encontrou novas formas de tocar. O movimento do pulso foi substituído pelo uso mais intenso do cotovelo, exigindo um reaprendizado quase completo da técnica. Para ele, essa limitação inesperada acabou abrindo novas possibilidades musicais.
“É como reaprender a tocar guitarra, mesmo já sabendo. Mentalmente sei o que fazer, mas preciso treinar minhas mãos para se adaptarem”, explicou.
Mudanças no equipamento
Além da técnica, o guitarrista precisou rever suas escolhas de cordas e palhetas para aliviar a pressão nos dedos. Hoje ele aposta em recursos mais leves, que o ajudam a reduzir o esforço físico.
- Palhetas mais finas, no lugar das grossas que usava antes;
- Cordas de calibre 7, mais leves que as tradicionais;
- Toque mais suave com a mão direita;
- Ajuste de dinâmica para compensar a perda de força na mão esquerda.
Jake ainda destacou que não está sozinho nessa escolha: nomes lendários como Billy Gibbons, Tony Iommi e Brian May também utilizam cordas mais leves sem perder o timbre poderoso.
Riffs que ficaram no passado
Mesmo com a adaptação, a artrite o impediu de executar alguns de seus riffs mais marcantes. No show especial Back To The Beginning, com repertório do Black Sabbath, ele não conseguiu tocar “Bark At The Moon”. A faixa ficou a cargo de outros músicos, enquanto Lee concentrava sua energia em partes mais acessíveis fisicamente.
“Sei que o público espera, mas neste momento seria desafiador demais. Tenho alguns meses para treinar, mas não será fácil”, revelou.
A luta além do palco
A batalha de Lee não se limita à artrite. No ano passado, ele levou três tiros no braço durante um assalto enquanto passeava com o cachorro. Ainda assim, insiste que a dor do pulso não é a mais difícil que já enfrentou.
“Tenho problemas nas costas há anos. O pulso dói, mas não chega perto disso”, afirmou com resiliência.
O legado que não se apaga
Mesmo diante de limitações físicas severas, Jake E. Lee mostra que a música vai além da técnica: é sobre alma, superação e reinvenção. Sua jornada inspira milhares de guitarristas que também enfrentam dores e obstáculos, lembrando que cada dificuldade pode se transformar em uma nova forma de expressão.
Enquanto continua sua rotina de exercícios, alongamentos e tratamentos, ele segue determinado a não abandonar a guitarra. A mensagem é clara: desistir não está nos planos.




