Poucos guitarristas no planeta carregam um instrumento tão mítico quanto Jimmy Page. E quando falamos de lenda, a Les Paul “Number One” de 1959 ocupa um pedestal intocável. Mais do que uma guitarra, ela é parte da identidade sonora do Led Zeppelin e de alguns dos solos mais icônicos da história do rock. Mas afinal, qual é o verdadeiro segredo por trás desse timbre inconfundível?
A resposta veio de um encontro improvável: Tim Mills, fundador da Bare Knuckle – uma das maiores fabricantes independentes de captadores do mundo – teve a chance de colocar as mãos na guitarra pouco antes da reunião do Led Zeppelin em 2007. E o que ele descobriu pode mudar a forma como você enxerga o som de Page.
A inspeção que revelou mais do que captadores
Jimmy Page enviou sua Les Paul “Number One” para Mills por conta de um problema no captador. Ao examiná-la, o luthier percebeu detalhes que iriam muito além de qualquer ajuste técnico.
O captador do braço, por exemplo, registrava menos de 9k. Isso, teoricamente, deveria resultar em um som mais quente e fechado. Porém, devido a um ímã extremamente descarregado e aos enrolamentos assimétricos da bobina, o timbre se comportava como um single coil, entregando um som amadeirado que remetia até ao estilo de Stevie Ray Vaughan.
Na ponte, uma Seymour Duncan de 8,2k com enrolamento simétrico, instalada no final dos anos 70, garantia equilíbrio e aquele som “gutural” que se tornou marca registrada em solos incendiários.
O verdadeiro “truque” estava no braço
O detalhe mais impressionante, no entanto, não estava nos captadores, mas no próprio braço da guitarra. Mills percebeu que uma quantidade significativa de madeira havia sido removida, afinando o braço a ponto de se aproximar das dimensões de uma Ibanez – algo raro em uma Les Paul.
Essa modificação extrema influenciou diretamente na ressonância, resposta e sensibilidade do instrumento. O mais surpreendente? Mesmo com a redução drástica de madeira, o tensor continuava intacto. É esse conjunto de ajustes, somado à história única do instrumento, que construiu o timbre lendário que ouvimos nos discos e shows do Led Zeppelin.
Dê o play e mergulhe nesse timbre único:
Gibson Les Paul Standard “Number One” 1959
Comprada em 1969 de Joe Walsh e modificada ao longo dos anos por Page, essa Les Paul se tornou uma extensão do músico. Com o braço esculpido, captadores personalizados e ajustes finos, ela é a síntese de personalidade sonora e ousadia técnica.
No ano passado, a Gibson iniciou uma série especial em parceria com Page, lançando a assinatura EDS-1275 de braço duplo de 1971. Ainda não há confirmação sobre uma recriação oficial da “Number One”, mas, para os fãs, parece ser apenas uma questão de tempo.




