O guitarrista sueco Ola Englund, fundador da Solar Guitars, explicou por que um número crescente de músicos tem optado por criar suas próprias marcas de guitarras, em vez de manter acordos tradicionais de modelos signature com grandes fabricantes. Segundo ele, o movimento reflete uma mudança estrutural na forma como instrumentos são projetados, produzidos e vendidos.
Em entrevista à Guitar World, Englund afirmou que o modelo clássico de endosso não acompanha mais a dinâmica atual do mercado. Para ele, a distância entre artista, empresa e consumidor tornou-se um obstáculo em um cenário onde músicos mantêm contato direto com seu público por meio de plataformas digitais.
Do endosso à gestão completa da marca
Englund explicou que, ao lançar a Solar Guitars, buscou assumir controle total sobre design, especificações, comunicação e distribuição. Ele destacou que, em contratos tradicionais, decisões importantes costumam passar por vários níveis corporativos, o que limita agilidade e precisão no desenvolvimento de instrumentos.
Segundo o músico, a criação de marcas próprias permite responder mais rapidamente às demandas reais dos guitarristas, além de reduzir etapas intermediárias no processo de venda. Esse modelo também facilita ajustes constantes em especificações, acabamento e componentes, com base no retorno direto dos usuários.
Foco em nichos e identidade clara
Outro ponto levantado por Englund é a possibilidade de trabalhar com públicos específicos, sem a necessidade de atender a um mercado amplo e genérico. No caso da Solar Guitars, o foco está em guitarras voltadas para músicos de metal e estilos modernos, com escolhas técnicas alinhadas a esse perfil.
Esse direcionamento, segundo ele, seria mais difícil de sustentar dentro de grandes fabricantes, que precisam equilibrar múltiplos segmentos e linhas de produto ao mesmo tempo.
Fenômeno se amplia na indústria
A análise de Englund se conecta a um movimento mais amplo observado nos últimos anos, com guitarristas como Zakk Wylde e Tosin Abasi também criando empresas próprias. Em comum, esses projetos compartilham a busca por autonomia criativa e maior proximidade com o público consumidor.

Para Englund, o crescimento dessas marcas não representa o fim das fabricantes tradicionais, mas indica uma diversificação do mercado, onde diferentes modelos de negócio passam a coexistir.
Novo equilíbrio no setor de guitarras
Segundo o músico, fatores como acesso facilitado à produção internacional, logística direta ao consumidor e comunicação digital tornaram viável o surgimento dessas empresas lideradas por artistas. O resultado é um setor mais fragmentado, porém mais alinhado às necessidades específicas de diferentes perfis de guitarristas.
Englund afirma que esse cenário tende a se consolidar, com músicos assumindo papéis cada vez mais ativos não apenas como artistas, mas também como desenvolvedores e gestores de produtos.





