Tony Iommi e a Gibson SG formam uma das duplas mais icônicas da história do rock. Mas poucos sabem que, no início de sua carreira, o guitarrista do Black Sabbath sonhava em tocar uma Les Paul. O que mudou essa história? Um acidente que quase o afastou da música e redefiniu sua trajetória.
Ainda jovem, Iommi trabalhava em uma fábrica de chapas metálicas quando sofreu o acidente que amputou as pontas dos dedos anelar e médio da mão esquerda. A tragédia poderia ter encerrado sua jornada como guitarrista, mas se transformou no gatilho para a criação de um som único. Ele adaptou próteses feitas à mão e desenvolveu sua técnica singular.
O encontro com a SG
Durante uma sessão de perguntas e respostas na Gibson Garage, em Londres, onde apresentou seus novos humbuckers exclusivos, Iommi revelou que sempre quis ser um guitarrista de Les Paul. Mas a realidade era diferente: “Eu não conseguia tocar a Les Paul por causa do meu acidente. Não chegava aos trastes superiores, e ela era pesada demais. A SG, por outro lado, me serviu perfeitamente”, explicou.
A ergonomia, o peso leve e o acesso facilitado aos trastes mais altos fizeram da SG uma extensão natural de suas mãos. O guitarrista destacou que a sensação de conforto foi essencial para que pudesse continuar evoluindo, mesmo diante das limitações físicas.
Da strat à guitarra definitiva
O curioso é que a primeira escolha de Iommi no Black Sabbath não foi uma Gibson, mas sim uma Fender Stratocaster. O destino, porém, interveio mais uma vez: a guitarra apresentou defeito durante a gravação do disco de estreia da banda. Foi nesse momento que entrou em cena a SG reserva, que acabou se tornando seu instrumento definitivo.
A partir dali, Iommi e a SG construíram uma relação indissociável. O timbre poderoso e encorpado se tornou a base de clássicos do heavy metal, consolidando a identidade sonora do Black Sabbath.
O legado da SG entre guitarristas
Embora a Les Paul seja vista como a “joia da coroa” da Gibson, a SG conquistou seu espaço como uma alternativa igualmente lendária. Além de Iommi e Angus Young, nomes mais recentes também reforçam sua relevância. Jake Kiszka, guitarrista do Greta Van Fleet, destacou recentemente a versatilidade do modelo: “A SG é realmente microfônica, você sente cada nuance dela. Até quando mexo no corpo ou puxo o braço, ela responde de várias formas.”
Esse caráter responsivo e visceral torna a SG um instrumento amado por músicos que buscam não apenas potência, mas também interação direta entre mãos e madeira.
A escolha que moldou o metal
Ao trocar a Les Paul pela SG, Iommi não apenas encontrou conforto. Ele definiu um caminho que mudaria para sempre o rock pesado. O timbre agressivo e sombrio de sua guitarra, aliado às composições inovadoras, ajudou a criar o DNA do heavy metal.
Mais do que uma escolha de instrumento, a decisão foi um símbolo de resiliência. Em vez de se prender às limitações impostas pelo acidente, Iommi encontrou no modelo certo a liberdade para criar sem barreiras.





