Warren Haynes, guitarrista lendário do Gov’t Mule e ex-integrante do The Allman Brothers Band, revelou sua visão curiosa sobre a era “shredder” dos anos 80. Conhecido por seu estilo visceral e orgânico, ele contou que nunca se rendeu às modas de pedais, timbres artificiais e técnica veloz que dominaram aquela década.
O músico está prestes a lançar The Whisper Sessions no dia 12 de setembro. O disco traz versões acústicas de seu trabalho anterior, Million Voices Whisper, e chega como uma oportunidade para revisitar sua trajetória, marcada pela autenticidade e pelo apego às raízes do blues.
A contramão dos anos 80
Em meio a um cenário dominado por guitarristas como Yngwie Malmsteen e Steve Vai, Haynes seguiu outro caminho. Enquanto o mercado vibrava com alavancas, chorus exagerado e distorções saturadas, ele mantinha firme sua conexão com a música orgânica.
O próprio guitarrista admite:
“Eu nunca mergulhei totalmente naquela toca do coelho dos anos 80. Nunca usei whammy, pedal de chorus ou coisa superdistorcida. Muitos guitarristas incríveis surgiram, mas nunca senti vontade de aprender aquilo”.
Essa postura diferenciada se tornou uma de suas marcas. Quando começou a tocar com Dickey Betts nos anos 80, percebeu que teria que trabalhar ainda mais duro para alcançar um timbre à altura. Essa busca incessante pelo som ideal moldou sua identidade e consolidou sua carreira.
Música em transformação
Haynes explica que o fim da década de 80 foi um período de transição. Para ele, a indústria da música estava “se recuperando” dos excessos da época, enquanto muitos músicos repensavam sua abordagem criativa.
“As pessoas estavam questionando se precisavam seguir as tendências ou buscar algo mais verdadeiro. Eu já tinha uma banda de blues, e aquilo fazia mais sentido para mim”.
Essa escolha abriu caminho para sua entrada definitiva no The Allman Brothers Band, grupo que lhe deu projeção mundial. Foi justamente a autenticidade de seu estilo que o tornou peça-chave em um momento em que o rock começava a se reinventar.
A lição de Warren Haynes
O recado que o guitarrista deixa é claro: a música vai além da técnica e das tendências passageiras. Sua trajetória mostra que autenticidade e dedicação ao timbre são capazes de atravessar décadas sem perder relevância.
Para muitos, a era shredder representou um show de velocidade e virtuosismo. Para Warren Haynes, ela foi apenas um capítulo paralelo — respeitado, mas jamais seguido. Hoje, aos 64 anos, ele segue fiel àquilo que sempre acreditou: que o blues e a verdade sonora nunca saem de moda.





