“A guitarra morreu. As grandes marcas estão em crise. Não há mais guitar heroes”. Ouvir frases assim não é nada raro atualmente. Há um certo consenso de que o instrumento não se encontra em seus melhores dias, ok. Mas será que a guitarra está realmente ameaçada de extinção?
Esse foi o assunto abordado por artistas, executivos de gravadoras e jornalistas recentemente convocados em Nova York pela Fender. O veredito? Não, a guitarra não corre risco. Pelo contrário.
Ampla discussão
No debate, foram abordados temas como o perfil da Geração Z, as novas tecnologias e o entrelaçamento dos gêneros musicais. No fim, houve concordância unânime de que a guitarra continua sendo uma ferramenta musical poderosa e relevante.
“Nossos cérebros são conectados para saber apreciar o som de um instrumento de cordas”, declarou Matt Sweeney, guitarrista e compositor que intermediou o painel. “É um instrumento incrivelmente versátil, quase ilimitado em suas possibilidades”.
A música e os jovens
O uso generalizado de trilhas geradas por computador no universo das canções pop levou algumas pessoas a anunciar a morte da guitarra. Caiti Green, executiva de marketing da Atlantic Records, disse que as mudanças nos hábitos de audição dos adolescentes sugerem o contrário.
Descrevendo-os como “a geração dos playlists“, explicou ela, “eles não ouvem os álbuns completos, apenas escolhem músicas para criar suas próprias playlists”, o que abre mais espaço para a diversidade. “Eles vão ouvir um sintetizador, mas também estarão abertos para a guitarra”.
Alan Light, jornalista especializado em música, acrescentou: “Listas de reprodução têm embaralhado as distinções entre os gêneros musicais. As crianças estão ouvindo mais tipos diferentes de música do que nunca”.
Bons indicadores
O aumento dos índices de público em shows ao vivo é outro reflexo do interesse pela guitarra. Atual CEO da Fender, Andy Mooney afirma: “82 milhões de pessoas participaram de apresentações ao vivo no ano passado, de acordo com a Live Nation. Isso representa um aumento de 20%. Cada geração olha para os artistas no palco como inspiração, e a guitarra está definitivamente lá”.
Mooney, no entanto, minimizou a importância dos chamados guitar heroes. “Todos eles foram excelentes, mas era impossível serem imitados pelos músicos comuns”. Por outro lado, o punk rock foi um motivador convincente. “De repente, qualquer um que conhecesse três acordes e tivesse muito entusiasmo poderia tocar. O punk evoluiu para o grunge, o indie e o alternativo, mas todos esses gêneros ainda são muito acessíveis e possuem um importante componente em comum: a guitarra”.
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Outras abordagens
Mesmo em ambientes musicais em que a guitarra não está no centro do palco, ela ainda desempenha um importante papel. Scott Igoe, executivo da ABC, disse que “artistas de rap, como Kendrick Lamar e Drake, possuem uma banda com cinco componentes. Eles apreciam a importância dos músicos e da guitarra, real e poderosa.”
Os debatedores também destacaram que a guitarra continua sendo uma ferramenta de composição essencial para os músicos em todos os gêneros. Além disso, o domínio do instrumento continua sendo um objetivo especial das crianças que procuram o desenvolvimento. Elas querem desenvolver uma habilidade que as diferencie.
Novas ferramentas
Enquanto alguns lamentaram o “limitado período de atenção” da Geração Z, os participantes disseram que esse mesmo grupo aproveita entusiasticamente as novas ferramentas digitais para aprender a tocar guitarra. Mooney revelou que o Fender Play, o programa de aprendizado on-line da empresa, possui atualmente 40 mil assinantes.
Com todos esses argumentos, os amantes das seis cordas podem ficar tranquilos – a guitarra não está ameaçada de extinção, garantem os participantes do debate promovido pela Fender.
As informações são da Music Trades Magazine.