O guitarrista de blues Stephen Dale Petit abriu o coração ao relembrar a colaboração com o lendário Eric Clapton, descrito por ele como “mal-humorado”, mas absolutamente genial em estúdio.
O encontro aconteceu durante a gravação do novo álbum de Petit, Be the Love, marcado por um momento de superação pessoal — ele enfrentava um câncer em estágio 4 enquanto o projeto tomava forma.
Um solo criado “em tempo recorde”
Durante entrevista à Guitar World, Petit revelou que pensou em Clapton desde o início do processo. “Gravei a faixa e disse: haverá um solo de um convidado especial. Ninguém me interrogou”, contou. Quando enviou a primeira demo, recebeu uma resposta ríspida. “Ele disse: ‘O lockdown acabou e estou sendo inundado’. Achei que era a forma dele dizer não”, recorda Petit.
Mas, para sua surpresa, Clapton voltou a responder no dia seguinte, afirmando que toparia o convite, embora não conseguiria fazer o trabalho em curto espaço de tempo. Mesmo passando por sessões intensas de quimioterapia, Petit manteve a esperança. “Eu não tinha pressa”, disse. Meses depois, o tão aguardado encontro aconteceu no estúdio Hoxa, em Londres.
“Ele estava a meio metro de mim, de frente para os monitores”, lembra Petit. “Quando terminou o solo, perguntou: ‘O que vocês acham?’ e eu respondi: ‘Quero chorar’. Fiquei emocionado com o que ouvi.”
“O cérebro dele é literalmente um maestro”
Petit descreveu o solo de Clapton como “insano pra caramba”, destacando o processo quase espiritual do guitarrista ao tocar. “Ele mapeou certas partes, mas desligou o cérebro pensante e ligou o canal. O cérebro dele é literalmente um maestro, canalizando energia de Plutão, Urano e Jimi Hendrix.”
A gravação durou dois dias. Clapton levou duas guitarras — uma Gibson ES-335 marrom sunburst dos anos 1960 e uma Fender Stratocaster — e as deixou no estúdio. Antes de partir, Petit pediu permissão para tocá-las. “Perguntei: ‘Posso tocar suas guitarras?’ e ele disse: ‘Claro’. Tive total liberdade. Se isso não é amor de guitarrista, não sei o que é”, brincou.
Entre emoção e admiração, Petit afirma que o solo de Clapton se tornou um dos momentos mais poderosos do disco. “Ele conseguiu traduzir tudo o que eu sentia naquele instante. Foi algo mágico”, finaliza.
Ainda sem data exata de lançamento, Be the Love marca o retorno triunfante de Stephen Dale Petit após vencer o câncer — e celebra, de forma tocante, a conexão entre dois ícones do blues britânico.
As informações são do site Guitar World.





