Steve Morse falou sobre seu período no Deep Purple e revelou que cerca de 95% das ideias que apresentava eram rejeitadas. O guitarrista explica que isso não era pessoal, mas resultado da forma consolidada como o grupo escrevia. A banda já tinha um método estabelecido, e muitas de suas sugestões não se encaixavam no som tradicional.
Morse precisou aprender rapidamente a lidar com essas limitações. Ele começou a filtrar suas propostas para apresentar apenas ideias compatíveis com a estética da banda, evitando frustrações e tornando o processo mais eficiente.
Jon Lord como parceiro musical
Entre os integrantes, Jon Lord foi o único que realmente ouviu e trabalhou nas ideias de Morse. O tecladista analisava passagens novas e buscava maneiras de integrá-las às músicas, sem comprometer a identidade do Deep Purple. Essa postura permitiu que algumas ideias de Morse se transformassem em faixas definitivas.
O guitarrista lembra de momentos em que improvisava trechos durante intervalos de gravação, e Lord se aproximava para sugerir ajustes. Essa colaboração foi crucial, especialmente para o álbum Purpendicular, onde músicas como “Sometimes I Feel Like Screaming” ganharam forma a partir de interações diretas entre os dois.
Equilibrando identidade e contribuição
Com uma banda de história consolidada, Morse entendeu que precisaria respeitar limites claros. Seu objetivo não era mudar a sonoridade do Purple, mas inserir elementos do seu estilo técnico de forma orgânica. A capacidade de ouvir, ajustar e propor soluções compatíveis foi essencial para manter a produtividade sem gerar desgaste.
Mesmo com a rejeição da maior parte de suas ideias, Morse conseguiu deixar sua marca. Sua abordagem direta e precisa ajudou a expandir o repertório sem comprometer o caráter clássico do grupo.
Legado e aprendizado
Hoje, Morse vê esse período como uma fase de aprendizado intenso. As limitações e a rigidez criativa não o frustraram, mas mostraram como interagir em um grupo histórico. A parceria com Jon Lord se destaca como o ponto mais positivo, pela abertura e disposição para experimentar dentro do legado do Deep Purple.
Para Morse, a relevância de sua passagem não se mede apenas pelas músicas que entrou, mas pelo impacto de algumas ideias que resistiram ao filtro da banda e se tornaram parte definitiva do repertório.





