Em junho de 2019, um vídeo divulgado pelas redes sociais da Gibson chamou bastante atenção. O então novo diretor de ‘brand experience’ da empresa, Mark Agnesi, fez uma espécie de ameaça a luthiers e fabricantes que copiam as guitarras da Gibson.
Em um dos momentos, Agnesi dá a entender que a Gibson pode processar luthiers e empresas que constróem instrumentos semelhantes aos dela. “Vocês já foram avisados, estamos de olho e estamos aqui para proteger nosso legado icônico”, afirmou o diretor.
Ou seja: qualquer outra empresa que lançar uma guitarra Les Paul, mesmo que não esteja se passando por Gibson, poderia ser processada. O mesmo valeria para outros designs criados pela icônica fabricante.
A ação de marketing, chamada ‘Play Authentic’, gerou bastante controvérsia e chegou a ser removida das redes da fabricante. Muita gente destacou que os instrumentos da Gibson são caros demais para o que oferecem e que não dá para impedir que outras fabricantes produzam guitarras Les Paul ou SG, por exemplo.
Relembre o vídeo:
Agora, meses depois, em entrevista à Guitar Magazine, um executivo da Gibson, chamado Cesar Gueikian, falou sobre o assunto e apontou qual foi o grande erro da empresa ao divulgar o vídeo em questão.
“Mark Agnesi é um dos caras mais incríveis da Gibson e aprendi muito com ele enquanto cliente – tenho várias guitarras vintage dos anos 1950 e 1960 que comprei dele. Sempre confiei nele. Porém, cometi o erro de trazer Mark para fazer aquele vídeo – se você me perguntar qual foi o meu erro, seria esse”, afirmou.
O executivo afirmou que o objetivo do vídeo era apenas proteger os fãs da empresa. “Quando alguém compra uma Gibson, espera qualidade de uma Gibson. É algo bom. Porém, usar as redes sociais para repassar essa mensagem foi, provavelmente, meu grande erro. Acho que eu não deveria ter feito isso”, disse.
Gueikian destacou que a empresa não queria ameaçar ninguém. “Queremos que nossos fãs comprem nossas guitarras porque acreditamos que elas sejam da maior qualidade em comparação a qualquer outra fabricante. Só queríamos proteger os fãs de qualquer propaganda enganosa”, afirmou.
O empresário também foi questionado sobre os recentes lançamentos da Gibson. Segundo o entrevistador, as novas guitarras estão sendo bem mais elogiadas do que as linhas anteriores, feitas antes da empresa anunciar falência.
O que mudou? Segundo Cesar Gueikian, alguns detalhes. “Passamos a adotar um ritmo de fabricação alinhado com os dias de hoje, celebrando a construção artesanal e obsessão por qualidade. Contratamos um time de engenheiros de qualidade, comandados por Eric Purcell, que trabalhava na Tesla, para acompanhar tudo. Sobrepus o foco as especificações históricas, para recalibrar as coleções. Perguntei: o que nossos fãs esperam das especificações de cada guitarra? Como preservar as clássicas, além de desenvolver modernas? Também lançamos a Gibson Lab, que testa tudo”, afirmou.